quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Minha linda Vida


Em um dia comum me encontrei sentada apreciando o pôr-do-sol, ela chegou perto de mim como se não quisesse nada, e iniciou uma conversa com poucas e meias palavras. Eu gentilmente comecei a ouvir, e entendi que ela pedia minha atenção. Nos analisamos fisicamente, e ela não pareceu se intimidar com meus olhares um tanto equivocados e salientes. Ela precisava da minha atenção, e eu comecei a entender isso ao olhar seu olhar. Ali, sentadas no banco de madeira de frente para o horizonte, conversamos sobre o Sol e o Mar, ela tinha um jeito manso de falar que me seduzia, as palavras sopravam de uma forma bem sutil ao sair da sua boca que me provocava e isso me fazia querer ouvi-la cada vez mais, e como um piscar de olhos me vi enfeitiçada. Foi assim que começou nossa amizade, de repente, espontaneamente. E no final daquela magia, esquecemos de pousar, de nos cumprimentar como seres humanos, me lembro das palavras que sopravam da sua boca naquele momento final, do seu sorriso ao concluir a frase, do vento que soprava seu cabelo, da luz que vinha do  Sol que por sua vez se despedia lentamente, que iluminava apenas um lado do seu rosto e seu cabelo castanho brilhava feito ouro, dos seres que haviam ao nosso redor que olhavam agoniados para o horizonte esperando o grande momento, me lembro como se fosse hoje o dia em que ela me olhou nos olhos e disse:
- Prazer em conhecer, meu nome é Vida. O Sol foi embora, aplausos surgiam, boa noite. 

Repetimos o momento várias vezes, nos encontrávamos quase todos os dias daquele Verão, no mesmo lugar, no mesmo horário. Passamos o tempo tentando entender nossas verdades, nossos planos para o futuro, conversas mirabolantes sobre gengibres falantes e vida em outro planeta, seu jeito lunático e ao mesmo tempo “pés no chão” me conquistava a cada encontro. Confiávamos uma na outra, ela me contava seus erros e seus segredos, compartilhávamos risadas e choros. Algo nos atraia, ficamos completamente viciadas uma pela outra e de repente, sem percebemos, éramos mais que amigas. Aprendi a amá-la com seus defeitos que não se comparava a suas qualidades, juntas derrotamos todos os preconceitos e medos. A Vida me ensinava a cada dia, e ensina até hoje, me ensina a ser forte, a não desistir dos meus sonhos. Ela me prometeu que iríamos ficar juntas até a morte, eu concordei.

 O tempo passou rápido, crescemos juntas, vivemos juntas, e em uma noite que não havia estrelas, mas a Lua passava pela janela, iluminando o quarto escuro, me encontrava no aconchego dos seus braços, não havia o Mar, e nem pessoas, só nós. De repente senti uma necessidade de dizer algo, algo que ela já sabia, mas minha consciência pedia para insistir nessas palavras, precisava deixar mais do que claro o que eu sentia no momento, me virei para ela e olhando em seus olhos disse:
 - Vida, eu sou apaixonada por você, minha Vida!
 Ela sorrio e me amou.

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