sábado, 29 de janeiro de 2011

A.


Crônica I




E lá estava eu, mas uma vez, sendo o que eu não sou, fingindo estar normal, tentando me esconder daqueles seres que me perseguiam, que me achavam normal. Eles usavam um tipo de máscaras enfeitadas com sorrisos e felicidades só para esconder a própria tristeza que havia em seus olhares, me arrepiava, porque eu sabia algo me dizia que por trás daquelas máscaras felizes, existia a escuridão, existia algo sombrio, indescritível, a qual eu chamava de feiúra. Tentei encontrar uma maneira pra sair daquele lugar sufocante, corria, fugia. Pensei e voltei cansada ofegante, tirei minha máscara, rasguei minha roupa, tirei meus sapatos e minhas roupas íntimas, borrei meu batom vermelho, baguncei meu cabelo e me mostrei, mostrei meu corpo mostrei minha alma, pulei, gritei, ri, chorei, desmaiei e mergulhei num intenso azul do céu, flutuei, imaginei, eu estava no céu, aquele mundo não me pertencia mais, não me satisfaz. Por um momento olhei para baixo, e vi aqueles pobres mortais. Senti uma alegria imensurável, profunda, uma vontade, uma fome insaciável de ser eu, de me tocar por inteira, de me amar, de me gostar, de me desejar, não sentia mais medo, eu flutuava, aos poucos, finalmente acordada pesadelo, me entreguei a arte, e agora sou parte de tudo, não sou uma, sou simplesmente tudo, sou o infinito. Dormi e nunca mais acordei.  

2 comentários:

  1. Oi Amanda, aqui é Bruno da oficina de teatro, tudo certo? Gostei muito do blog, nem imaginava que vc gostava de escrever, bom saber pq eu tb gosto muito, escolhi fazer jornalismo tb por isso. Tá muito bom! Parabéns, grande abraço, e já tô com saudade da nossa turma!

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  2. OI Bruno !! Também sinto saudades do vila !! Obrigada, eu esqueci de lhe dizer que escrevo... se você tiver um blog compartilhe aqui !!! Beijos, obrigada pela visita e pelos elogios 1

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